NÓS

Chapter 62: Capítulo 61



Chapter 62: Capítulo 61

Lya.

— Sequestrada? — franzi a testa — não acho que a Manu tenha sido, quem faria tão mal a ela esse

ponto?

— Não sei, gata — Alex massageou as têmporas — pode ter tanta gente que a gente nem imagina —

suspirou.

— Aí meu Deus — Naty choramingou e Gusta abraçou a mesma — vocês contaram ao irmão dela?

— Isso é importante — Pedro assentiu — afinal, a Manu é menor de idade e ele é guardiã legal dela

ainda já que o pai dela não é tão presente.

— A gente contaria se o irmão dela se importasse com ela — Victor se jogou no sofá.

— Como assim? — Gusta perguntou confuso abraçado com Naty.

— Eles brigaram, não se falam mais — disse bloqueando a tela do celular — e para o Diego, vocês

contaram?

Os meninos balançaram a cabeça negativamente, nós estávamos esperando ainda algum sinal de

Manuela, tinha se passado mais de vinte quatro horas desde então e até agora nada.

A preocupação apenas aumentava.

— Uma hora ou outra nós vamos ter que falar com ele, o filho dele também corre risco e já se

passaram vinte quatro horas — suspirei e prendi o cabelo num coque.

— Ele volta para o Rio em uma fração de segundos — Alex guardou o telefone no bolso e me olhou.

— E isso não é bom? — Pedro franziu a testa, se encostou no balcão e cruzou os braços.

— Pra ser bem sincero? — Alex fez uma pausa dramática — não sei.

A reunião tinha sido em vão, nada de Manuela e nem cogitar algum lugar que ela poderia estar ou

algo do tipo rolou. Eu estava muito preocupada com ela, com o bebê e pedia para Deus que ninguém

fizesse mal nenhum a eles. Achava errado os meninos não contarem para Diego logo, para Gabriel eu

até aceitava já que a situação de agora não cabia isso mas pareciam que eles esqueciam que Diego

era pai da criança que Manuela carregava.

Passamos a tarde na casa de Alex, decidimos que se até amanhã de tarde não tivéssemos notícias da

Manu, iríamos espalhar cartazes e iríamos até a delegacia prestar queixa de desaparecimento.

Ninguém sabia além da gente e era uma das coisas que dificultavam também, porque ninguém a viu

por último além de nós.

— O importante agora é não pensar no pior — disse tentando manter a calma.

— Como? — Alex me olhou — loirinha está mais de vinte horas sumida, to preocupadão, tem nem

como não pensar no pior.

— Verdade — Naty assentiu com os braços cruzados.

Lá para as cinco da tarde, eu e Naty fomos embora, iríamos começar a ver as coisas para os cartazes,

já que Alex que iria na delagacia amanhã. O resto ficou de colocar eles em todos os lugares possíveis

e postar em todas as redes sociais possíveis também.

A coisa tinha ficado séria, agora o que restava era entregar na mão de Deus e torcer para que minha

piranha tanajura estivesse bem.

...

No meu WhatsApp não parava de chegar mensagem, já tinha informado para algumas pessoas o

sumiço da Manu e praticamente todo mundo estava se disponibilizando para ajudar.

A maioria era tudo falso e só queria saber com mais detalhes o que tinha acontecido. Tudo um bando

de fofoqueiro.

— Ai ai, quanta gente fofoqueira — ri ao rolar a tela vendo a quantidade de mensagens que tinha

recebido — diretamente de chernobyl.

Alex ficou de ligar para Diego amanhã, assim que saísse da Delegacia pra informar o sumiço da

Manuela e eu já previa ele vindo para o Rio andando. Eu passei o dia todo sem comer, estava muito

desanimada com tudo isso e por mais nesse momento os pensamentos ruins invadam a gente, eu

queria acreditar que Manuela estava dando horrores para alguém até agora e por isso sumiu.

Era o mínimo que ela podia estar fazendo pra, pelo menos, compensar todo esforço que foi divulgar a

cara feia dela nas redes sociais.

Minha mãe estava horrorizada com tudo isso, ela gostava muito da Manu e via a mesma como uma

filha. Lá para as nove da noite eu fui tomar uma banho, estava morrendo de sono, cansaço estava

batendo. Demorei embaixo do chuveiro, a água caia sobre meu corpo me fazendo relaxar e levando

todo peso que eu estava sentindo embora.

Sai do banho secando meu corpo, passei um hidratante, vesti meu pijama de seda rosa e prendi o

cabelo num coque. Lavei meu rosto com o sabonete facial, escovei meus dentes e por fim deixei o

banheiro apagando as luzes. Amanhã ainda era programação normal, aula, uma porrada de trabalhos

e eu passando raiva com os professores como de costume.

Deitei e apaguei numa fração de segundos, eu estava realmente muito cansada.

***

Andava pelos corredores do colégio segurando minha mochila em um ombro, o ano era 2017 e eu

estava no primeiro ano do ensino médio, o início da pior ou melhor época na vida de um adolescente.

— Sério, vamos comigo ver o jogo dos meninos do terceiro — Manu fez biquinho.

— Safada, quer ver o Gael, não é? — dei um sorrisinho de lado e a mesma riu.

— Não — rolou os olhos — o futebol.

— Você nem gosta de futebol, piranha — dei um leve empurrão — mentirosa a beça, Deus me livre.

Depois de muita perturbação, eu aceitei ir com a Manu no campo do colégio ver o jogo, afinal, tinha

um mundo de garoto gato e eu não podia perder esse show. Era a turma 3a contra a turma 3b, Gael, o

ficante da Manu era o melhor do colégio quando o assunto era futebol, mas pra ser bem sincera eu

nem achava ele isso tudo. Text © by N0ve/lDrama.Org.

Os outros adoravam babar o ovo dele mesmo.

Em dez minutos de jogo ele fez um gol, o colégio vibrou e do outro lado do campo ele deu uma

piscadela para a Manuela.

— Te amo — gritou segurando na grade.

Assistimos mais uns vinte minutos de jogo e depois fomos para a aula.

***

Acordei do nada, tentando entender o sonho estranho que eu tive, plena três e quinze da manhã da

manhã e eu sonhando com Gael, fala sério, foi quase um pesadelo. Me levantei sonolenta, fui

cambaleando até a cozinha e bebi um copo d'água. Perto do meu quarto ouvi meu celular tocar, me

joguei na cama e peguei o mesmo na cabeceira e era um número não salvo, estranhei mas atendi.

Ligação on.

— Alô — disse sonolenta — quem é?

No outro lado da linha chiava muito, parecia que o sinal estava fraco e a voz falhava bastante. Eu não

conseguia entender nada.

— Quem é? — perguntei novamente esperando uma resposta.

— A-amiga — a ligação cortou — o Gael, o Gael me sequestrou — desligou.

off.

Meu coração na mesma hora gelou, minha garganta ficou seca e meus olhos se encheram de

lágrimas. Meu corpo estava todo trêmulo, eu mal conseguia discar o número do Alex e o celular caia

toda hora da minha mão.

O Gael tinha sequestrado a Manu, meu coração estava apertado, ele era maluco, era capaz de

qualquer coisa e só então eu lembrei da frase que ele tinha me dito quando nós nos esbarramos no

carnaval: "Só acaba quando eu disser que acabou".

A Manuela corria perigo e o bebê corria perigo.

Muito perigo.

Ligação on.

— Fala, gata — disse rouco — alguma notícia da loirinha?

— Ela foi sequestrada, o Gael pegou ela — disse em prantos.

off.


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